Pela cabeça de uma grávida, sempre passam vários medos. Um deles certamente é o risco de o bebê nascer prematuro e ter alguma complicação. E a mãe que passa por essa experiência sabe que a prematuridade deixa marcas profundas, que não são esquecidas mesmo anos depois do nascimento do filho.
No post de hoje, mostro o relato de uma querida leitora, mãe do Kaique, que compartilhou comigo a história de seu filho. O que eu achei mais bacana nela foi perceber que nem sempre a prematuridade é um bicho-de-sete cabeças e que o acompanhamento médico do obstetra, se bem feito, pode fazer toda a diferença para o prognóstico do bebê.
“Quando meu filho estava com 28 semanas, recebi o diagnóstico de colestase intra-hepática da gravidez, o que significava, em última instância, que eu e meu filho corríamos risco de vida. Tive que fazer um acompanhamento especial, exames de sangue semanais para acompanhar as funções hepáticas e ultrassons, para ver se ele se desenvolvia bem e não havia vindo a óbito, por corte de nutrientes da placenta, decorrentes da colestase intra-hepática. Enfim, à medida que os resultados dos exames de fígado se alteravam, eu sabia que a qualquer momento eu teria que interromper a gravidez e correr para uma cesárea de emergência para salvar meu filho.
Com 34 semanas de gestação, com alguns exames alterados, minha ginecologista me internou no mesmo dia. Tomei uma injeção para amadurecer seu pulmãozinho e tive que esperar vagar um leito na UTI neonatal, pois meu filho poderia precisar. Assim conseguimos segurar até 35 semanas, quando fomos, finalmente, para a cirurgia. Meu filho nasceu com 47 cm, chorou, mas estava com dificuldade respiratória. Vi-o rapidamente, antes de levarem-no para a UTI, onde ficou 4 dias em observação. Graças a Deus não precisou ser entubado, mas ficou 24 horas por dia com oxigênio, dentro da incubadora.
Só consegui ver meu filho novamente um dia após o parto, pois passei muito mal, desmaiei, mal consegui andar. Assim, durante os seus dois primeiros dias de vida, meu filho foi alimentado por sonda. No terceiro dia me instruíram a usar o extrator de leite (para dar no copinho), mas eu não conseguia tirar nem 5mL dos dois seios. E a cada 3 horas o ciclo de extração recomeçava, eu ficava o tempo todo disponível. Quando o colocaram no meu peito, ele mamou, mas sempre precisou de complemento.
Depois de sair da UTI foram mais 4 no dias de apartamento comigo. Digo que tive muita sorte, pois, mesmo sendo prematuro, meu filho se desenvolveu super bem. Foram dias difíceis, uma UTI neonatal muda uma mãe. Não apenas pela vivência, mas pela percepção de outros casos, outras mães, outros sofrimentos. Cada dia lá é uma vitória. A força que uma mãe dá para a outra é primordial para restabelecer a fé. Me emociono só de lembrar.
Enfim, pensando em outras mães que enfrentam a prematuridade, eu gostaria de dizer que nada é por acaso. Não percam a fé e sejam agradecidas por cada segundo!”.
Sobre a prematuridade:
Na história do Kaique é possível notar como o acompanhamento médico de perto, durante a gravidez e após o nascimento, fez toda a diferença para que ele ficasse bem. A mãe foi constantemente monitorada, recebeu cuidados especiais para acelerar o desenvolvimento do pulmão do bebê, para que sua função respiratória não ficasse tão comprometida ao nascimento. Não foi o caso aqui, mas algumas vezes o prematuro precisa ser entubado, pois não consegue respirar sem a ajuda de equipamentos. Isso acontece uma vez que bebês prematuros, geralmente, apresentam maior risco de desenvolver problemas respiratórios, pois nascem com o aparelho respiratório incompleto e sem anticorpos maternos. De qualquer forma, é importante fornecer um ambiente facilitador da oxigenação, por isso o oxigênio dentro da incubadora.
É importante saber que existem doenças respiratórias que podem ser prevenidas, como por exemplo: a infecção pelo VSR (vírus sincicial respiratório), principal causador de bronquiolite, pode ser prevenida através de imunização; a vacina contra a gripe deve ser aplicada rotineiramente no prematuro, pois ele tem maior risco de desenvolver a doença; esses bebês também apresentam risco aumentado de ter infecções causadas pela bactéria pneumococo, responsável por quadro grave de pneumonia, que pode ser prevenida com a vacina pneumocócica.
Por ser uma população de maior risco para determinadas infecções, o bebê prematuro tem um calendário especial de vacinação, produzido pela SBIm (Sociedade Brasileira de Imunização),
Outro grande desafio que as mães de prematuro enfrentam é a amamentação. Em geral, elas passam dias e mais dias extraindo leite materno, para que ele seja dado ao bebê em um copinho (não na mamadeira, para que ele não rejeite o peito, quando puder mamar). Quando, finalmente, o bebê fica forte o suficiente para sugar, ele é então amamentado pela mãe.
É interessante saber também que existem associações de apoio a famílias que passam pela prematuridade. – Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – é um ótimo exemplo: trata-se de uma organização sem fins lucrativos, cuja missão é representar os interesses e lutar pelos direitos e pelo bem-estar dos bebês prematuros e de suas famílias, além de realizar ações que visem diminuir a incidência da prematuridade no Brasil. Vale a pena visitar o site, tem informações valiosas, explicadinhas e que são de grande utilidade para quem tem um prematuro em casa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário